segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Comunicação Não-Violenta

Comunicação Não-Violenta

Comunicação Não-Violenta (CNV)

Em seu livro homônimo, Rosenberg define a Comunicação Não-Violenta como uma abordagem da comunicação, que compreende as habilidades de falar e ouvir, que leva os indivíduos a se entregarem de coração, possibilitando a conexão com si mesmos e com os outros, permitindo assim que a compaixão se desenvolva. Quanto à expressão Não-Violenta, o psicólogo faz uso da definição de Gandhi, se referindo a uma condição compassiva natural que aparece quando a violência é afastada do coração.

A técnica é baseada em competências de linguagem e comunicação que auxiliam na reformulação da forma como cada um se expressa e ouve os demais. O pesquisador propõe que, com a Comunicação Não-Violenta (CNV), as respostas a estímulos comunicacionais deixem de ser automáticas e repetitivas e passem a ser mais conscientes e baseadas em percepções do momento, por meio da observação de comportamentos e fatores que tem influência sobre cada um. Por meio da escuta ativa e profunda, o método faz com que as interações ocorram com mais respeito, atenção e empatia, como defende o psicólogo.

4 componentes da Comunicação Não-Violenta

Para que a Comunicação Não-Violenta (chamada também de comunicação empática) ocorra, Rosenberg explica que é preciso os praticantes se concentrem em quatro componentes, que devem ser expressados de forma clara:

1. Observação

Em primeiro lugar, é necessário observar o que realmente está acontecendo em determinada situação. O psicólogo sugere questionar se a mensagem que está sendo recebida, seja por meio de fala ou de ações, tem algo a acrescentar de forma positiva. O segredo é fazer essa observação sem criar um juízo de valor, apenas compreender o que se gosta e o que não no que está acontecendo e no que o outro faz.

2. Sentimento

Depois, é preciso entender qual sentimento a situação desperta depois da observação. É importante nomear o que se sente, por exemplo, mágoa, medo, felicidade, raiva, entre outros. O psicólogo ainda afirma que é importante se permitir ser vulnerável para resolver conflitos e saber a diferença entre o que se sente e o que se pensa ou interpreta.

3. Necessidades

A partir da compreensão de qual sentimento foi despertado, é preciso reconhecer quais necessidades estão ligadas a ele. Rosenberg ressalta que quando alguém expressa suas necessidades, há uma possibilidade maior de que elas sejam atendidas e que a consciência desses três componentes vem de uma análise pessoal clara e honesta.

4. Pedido

Por meio de uma solicitação específica, ligada a ações concretas, é possível deixar claro o que se quer da outra pessoa. O especialista recomenda usar uma linguagem positiva, em forma de afirmação, para fazer o pedido. Evite frases abstratas, vagas ou ambíguas.

Exemplo de Comunicação Não-Violenta

Joana, quando você grita comigo no ambiente de trabalho (observação), eu me sinto diminuído e irritado (sentimento) porque preciso sentir que sou respeitado e que meus colegas querem me ajudar a me desenvolver (necessidades). Você poderia me chamar para conversar em particular quando se sentir irritada comigo? (pedido).

A Comunicação Não-Violenta também pode ser usada no desenvolvimento da autocompaixão. O psicólogo ressalta que esse processo deve ser utilizado para se expressar de forma honesta, mas também para receber com empatia a mensagem do outro. É possível perceber que a empatia foi recebida quando há um alívio de tensão ou quando o fluxo de palavras acaba. Para isso, é preciso se fazer presente e escutar atentamente.

O método pode ser aplicado em relacionamentos pessoais, familiares, organizacionais, educacionais, em negociações, disputas e conflitos de qualquer natureza. Rosenberg exemplifica que a Comunicação Não-Violenta pode estabelecer relações mais profundas, afetivas e eficazes, inclusive tendo sido utilizada em comunidades localizadas em regiões de conflitos e tensões graves, como Israel, Ruanda e Serra Leoa.

Como praticar?

Vamos então ao que interessa. Como ela funciona? Já falamos que não é um manual de regras ou uma equação a ser calculada. Existem algumas atitudes que podem ser tomadas por quem quer começar a se conectar melhor com os outros.

Essas ações têm tudo a ver com um processo de tomada de consciência interna (do que está acontecendo dentro de mim) e externa (o que está acontecendo com o outro) e, depois disso, tentarmos resolver o que tiver que ser resolvido nos nossos conflitos. Nesse processo, podemos seguir alguns passos que nos ajudarão a ter conversas mais saudáveis:

1. Observação

Fazer observações sobre as ações ou falas da pessoa que estão nos incomodando ou gerando conflito, em uma discussão, por exemplo. É importante que essas observações sejam baseadas em fatos, e não em nossas interpretações acerca do que a pessoa quis dizer com suas atitudes, mas sim, o que de fato ela fez ou falou.

2. Sentimentos

Depois de observar o que causou o conflito, podemos nos voltar para nós mesmos, percebendo e identificando os sentimentos que estão aflorando dentro de nós a partir das atitudes da pessoa. Estamos sentindo raiva? Frustração? Medo? Preocupação? Alívio?

Nesse momento é bem importante utilizarmos palavras que sejam, de fato, sentimentos e não julgamentos. Por exemplo, quando digo que estou me sentindo “ignorado” isso não é de fato um sentimento, pois a palavra descreve a ação de uma terceira pessoa “você está me ignorando”. A ideia aqui é que você se pergunte: “se estou com a sensação de que estou sendo ignorado, o que eu de fato sinto?”.

Esse exercício é importante não porque você quer se enganar ou tirar a responsabilidade do outro pelas ações dele, mas sim porque você quer aumentar suas chances de ser ouvido quando for falar sobre algo. Se você disser “estou me sentindo triste com o que aconteceu” em vez de “estou me sentindo ignorado por você” suas chances de ser escutado são maiores.

3. Necessidades

Após nomear esses sentimentos, podemos então identificar as necessidades que são apontadas por eles. Se estamos nos sentindo frustrados, qual foi a necessidade que não foi atendida e que gerou essa frustração?

Comunique suas necessidades se responsabilizando por elas, por exemplo, em vez de dizer “estou irritado porque vocês não ficam quietos” você pode entender quais necessidades suas não estão sendo atendidas e comunicá-las “estou irritado porque eu tenho uma aula para dar e vocês estão atrapalhando o meu trabalho como educador. Cooperação é algo importante para convivermos bem e gostaria de conversar sobre os acordos que vão nos ajudar a conviver melhor aqui em nossa sala de aula”.

4. Pedido

Depois de entendermos melhor o que precisamos, podemos fazer ao outro um pedido claro para nossas necessidades sejam atendidas. Na conversa, todas essas questões podem ser trazidas à tona, para que fique claro o que está se passando entre nós e o outro.

Isto é, podemos comunicar a ele as nossas observações, a partir do que ele fez ou falou, depois explicar o que sentimos a partir dessas atitudes, bem como do que precisamos e não está sendo suprido e então, fazer um pedido claro do que queremos. Muitas vezes isso pode ser difícil pois não sabemos o que queremos ou até mesmo temos receio de receber um “não” como resposta.

A Comunicação Não Violenta é um convite para termos conversas corajosas. É claro que é muito mais gostoso quando as pessoas adivinham o que estamos precisando, mas é injusto esperar isso delas.

Para que um vínculo de confiança se estabeleça, precisamos comunicar nossas necessidades e pedidos de maneira que as outras pessoas tenham clareza sobre como poderiam nos ajudar.

Assim, parte da CNV consiste em expressar as quatro informações muito claramente, seja de forma verbal, seja por outros meios. O outro aspecto dessa forma de comunicação consiste em receber aquelas mesmas quatro informações dos outros.

Nós nos ligamos a eles primeiramente percebendo o que estão observando e sentindo e do que estão precisando; e depois descobrindo o que poderia ajudá-los ao receberem a quarta informação, o pedido.

À medida que mantivermos nossa atenção concentrada nessas áreas e ajudarmos os outros a fazerem o mesmo, estabeleceremos um fluxo de comunicação dos dois lados, até a compaixão se manifestar naturalmente: o que estou observando, sentindo, necessitando e o que estou pedindo para enriquecer minha vida; o que você está observando, sentindo, necessitando e pedindo para enriquecer sua vida.

para saber mais:

https://escolaemmovimento.com.br/blog/comunicacao-nao-violenta/

https://escoladainteligencia.com.br/blog/comunicacao-nao-violenta/


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