segunda-feira, 20 de outubro de 2014

O BELO



O BELO
Somos racionais e sensíveis, ou seja, comunicamos e percebemos os sentimentos dos outros. Por isso, as experiências estéticas são, em geral, as agradáveis. Também temos muitas experiências agradáveis, como um “belo banho quente”, para os dias frios, “belas férias”, “um belo dia ensolarado”, “uma bela refeição”,  que não poderiam ser chamadas de experiências estéticas.
Convencionamos a beleza como o conjunto de graças e proporções das parte que agradam aos nossos sentidos e à imaginação. Assim, tudo na natureza é capaz de proporcionar uma experiência estética. Temos então o problema do belo artístico e do belo natural.
O que e o belo natural? A natureza em geral nos parece bela. Em sua realidade, a natureza não expressa nada, nós lhe atribuímos uma voz, uma linguagem que nos fala. Por isso, a contemplação estética da natureza é um animismo (crença que os seres da natureza são dotados de alma ) e um antropomorfismo (criar formas humanas aos animais e vegetais). O belo natural é a transposição de ideias, sentimentos, aspirações humanas ao mundo da natureza.
O que é o belo artístico? O objeto da arte, antes de ser belo, é expressivo. Em geral, o que exprime é o “interior”. Aqui temos também a grande discussão sobre arte e natureza, se a arte deve imitar a natureza ou o contrário.
Existem defesas a favor de que a única beleza verdadeiramente estética é aquela que a arte oferece a nossos sentidos. Para os que defendem essa postura, há a seguinte terminologia, para fazer as distinções:
a)      Estético ou belo; ( b) inestético ou feio; ( c ) anestético ou neutro, sem qualificação estética.
Assim, o belo agrada à nossa consciência artística. Porém, o que é o belo?
Platão associava a ideia de belo à ideia do bem. Ele afirmava que se alguma coisa nos provoca a admiração da alma – o belo físico, as formas, os sons, as cores – é porque o belo acorda em nós a lembrança de um bem perdido, um bem que nossas almas possuíam quando, dissolvidas no coro dos bem-aventurados ( no mundo das ideias) contemplavam o magnífico espetáculo das ideias ou essências eternas, entre as quais brilha a beleza.
Aristóteles via o belo nos componentes reais da beleza, na proporção das partes. Assim, agrega a esses componentes os aspectos de simetria e extensão e os de ordem e limite.
Da forma como ambos viam a questão do belo deriva a teoria geral da beleza, com base na qual as concepções estéticas, com diferentes modulações, perduraram até o século XVIII. A partir daí, houve a determinação do belo como eixo da reflexão estética, deslocando-se do objeto para o sujeito.
Hoje existem posições que defendem que o belo não pode ser confundido nem com o agradável, nem com o útil, nem com o verdadeiro, nem com o bom. Podemos, sim, formalmente defini-lo como aquilo que suscita nas pessoas um particular sentimento chamado de emoção estética ou então aquilo que “agrada” universalmente.
Sobre o belo há duas colocações que destacamos:
1)      Os que aceitam o belo como existente em sí e o consideram uma propriedade do objeto. O belo é universal, absoluto.
2)      Os que consideram o belo um simples produto da atividade mental do homem. Então, não existe em si mesmo, mas em nós. O belo é relativo e mutável com o tempo, os lugares e as pessoas.
É preciso, estar atento ao comparar o belo com outras características artísticas, tais como o sublime, o trágico, o cômico e o feio. Vejamos:
A-     Na característica artística sublime, o objeto observado nos faz admirar, por meio da imaginação, o que não vemos. Por mais sensível que seja o observador, não pode chegar à completa captação do objeto observado. Exemplo: um filme sublime, um poema, uma atitude humanitária.
B-     Na característica artística trágico, ocorre o mesmo, porém, a intensidade material ou espiritual eleva-se e impõe-se em forma opressora sobre o humano. Por ex.: uma foto de um crime bárbaro. Quando ficamos submetidos por longo tempo a emoções trágicas, cansamos como se estivéssemos participando da ação.
C-     Na característica artística cômica ou alógica, há quebra da unidade e perfeição do objeto, produzindo o efeito de contraste, o que provoca o riso.
Na característica artística feio, temos o propósito aberto de desfigurar os objetos ou de realçar defeitos corporais ou anímicos. O resultado é uma emoção estética negativa, que resulta de já conhecermos o positivo, aquilo que deveria ou poderia ser e que de fato não é.

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